A importância das marcas e patrocinadores para o cinema brasileiro
Patrocinar cinema brasileiro? Precisamos olhar para o maior produtor audiovisual do mundo, os Estados Unidos, que usam centenas de marcas dentro dos seus filmes – dados atuais atestam que quase a metade dos orçamentos dos filmes americanos são financiados por product placement
Desde que comecei a produzir cinema, sempre enfrentei dificuldades para captar recursos. Apesar de se falar agora sobre a “facilidade” que a Lei Rouanet proporciona para quem trabalha com cultura, a realidade é que isso nunca foi verdade. Qualquer produtor sabe da resistência que as empresas têm em investir no cinema. Elas se questionam sobre os benefícios e contrapartidas desse tipo de investimento. Por que Patrocinar cinema brasileiro?
Pensando em como convencer as empresas a investir e a não acharem que estão investindo apenas porque “é difícil fazer cinema no Brasil”, percebi que a proposta precisa ser diferente. A ideia é criar um negócio que beneficie e dê visibilidade à marca por meio do investimento em filmes. Assim, comecei a desenvolver ações dentro e fora das telas que associassem as marcas aos nossos longas-metragens.
Gostaria de compartilhar dois exemplos de sucesso dessas ações. O primeiro ocorreu no filme “Polaróides Urbanas”, dirigido por Miguel Falabella.
Havia uma terceira opção de nome: “O Terceiro Sinal”. Com dificuldade na escolha, sugerimos a uma empresa de telefonia parceira que perguntasse por mensagem de texto aos seus clientes qual nome eles preferiam. Na época, essa operadora tinha cerca de 60 milhões de clientes. Surpreendentemente, 5% desses clientes responderam à enquete, onde cada SMS custava R$ 0,50. Façam os cálculos do lucro que a minha patrocinadora obteve com essa ação…
O segundo exemplo, que não trouxe resultados financeiros diretos para a empresa, mas teve uma repercussão extremamente satisfatória, foi uma ação de endomarketing. A empresa estava enfrentando um problema com seus funcionários, pois havia mudado a sede para um bairro afastado do centro, onde não havia transporte público nem opções de alimentação próximas. Criamos uma ação para entreter os funcionários: alguns deles foram sorteados e convidados a visitar o set de filmagem, em grupos e em dias diferentes. Eles passaram o dia conosco, almoçaram, tiraram fotos, conversaram com o elenco e até fizeram figuração no filme. Todo esse processo durou duas semanas. O retorno de satisfação dos funcionários foi altíssimo e contribuiu significativamente para amenizar a insatisfação deles com o novo endereço.
Poderia citar mais exemplos de product placement dentro das telas, mas precisamos olhar para o maior produtor audiovisual do mundo, os Estados Unidos, e ver como eles funcionam há décadas: utilizando centenas de marcas em seus filmes. Sim, eu disse centenas. E na maioria das vezes, essas marcas passam despercebidas, pois o objetivo é que a mensagem seja subliminar. Você percebe, mas não se incomoda, pois as marcas fazem parte do contexto e do dia a dia de todos. Dados atuais mostram que quase metade dos orçamentos dos filmes americanos são financiados por product placement.
Olhe ao seu redor, quantas marcas você vê? Os produtos e o estilo de vida americano estão espalhados e enraizados em todo o mundo, e o principal responsável por isso é o cinema. Por trás de tudo isso está o governo americano, que sempre entendeu a importância do cinema como o maior divulgador do “American way of life”. O cinema insere as marcas de forma orgânica e com credibilidade em nossa realidade, mesmo quando se trata de fantasia.
O cinema brasileiro possui um enorme potencial para oferecer oportunidades de negócio às empresas. Ao investir nesse setor, as marcas podem se beneficiar da visibilidade proporcionada pelos filmes, além de contribuir para o crescimento e desenvolvimento da indústria cinematográfica nacional. Portanto, é hora de olharmos para o cinema brasileiro e reconhecermos seu valor como uma plataforma de comunicação eficaz e lucrativa para as marcas.
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